Abacaxis: alexandre costa

Três abacaxis chegavam à casa de Dona Francisca uma vez por ano sempre no natal. Presente de um amigo de seu marido que ela aceitava de bom grado.

Além de usá-los para a receita de frango tailandês com abacaxi, o simbolismo com os três reis magos Baltazar, Gaspar e Melchior, renovavam sua fé esquecida durante os outros trezentos e sessenta e quatro dias do ano.

A tradição se perdeu no tempo e até hoje não se sabe o motivo dos abacaxis no natal, mas como o mal já estava feito, não pôde ser simplesmente cancelado, já que Dona Francisca contava com eles desde então.

Outras histórias mais ou menos verídicas contam que tudo pode ter acontecido por conta de que os amigos se desafiavam para ver quem tinha a ideia mais bizarra de presente de natal, outros diziam que o motivo do abacaxi era a falta de conteúdo capilar na cabeça de um dos amigos. Hoje, os dois precisam de coroas para escondê-las.

Verdadeira ou falsa qualquer uma dessas histórias, o abacaxi continua chegando todos os anos com a precisão de um relógio suíço à casa do homenageado. Não só ele, mas toda a família, incluindo cunhados, genros, noras, compadres, animais de estimação e vizinhos mais íntimos, se beneficiam da receita generosa que é preparada para comemorar o nascimento do filho de Deus.

Os três reis magos, representados na metáfora frutífera em cima da mesa, é um sinal de fartura para a família, o que alimenta a esperança de cada um em dias melhores no novo ano que se inicia uma semana depois do banquete.

Se algo faz sentido nessa história, apenas os amigos poderão confirmar, ou podemos apenas especular novas histórias a cada ano, deixando a tradição mais interessante ainda.

Foto & montagem Roberto Prado