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Acordando na matrix: alexandre costa

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 23 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou” 1. Ninguém tem!

Ao acordar pela manhã, esperamos [em um nível subconsciente] que a partir daquele momento, tudo [exatamente tudo], seja novo e diferente, um [reboot] do dia anterior. Nosso sistema reinicia e desejamos começar tudo do zero. Mas a vida não é um programa de computador [até onde sabemos, ou até que a matrix nos desminta]. Os dias não existem, o tempo é uma ficção muito bem elaborada e com requintes de crueldade, o que conta é a sucessão dos acontecimentos [que jamais voltam]. O hoje só existe porque alguém [em algum lugar do passado] o nomeou assim. Repito, nada existe além do momento em que você se encontra, e esta é a medida das coisas para todos. Então, para algumas pessoas que perderam algo num lugar chamado ontem, é difícil reiniciar-se todas as manhãs e resgatar o que foi perdido. Vem então um questionamento válido e urgente: o que fazer então? Não sei! Crie a sua fórmula. Uma delas pode ser emular dentro de você uma memória ROM [read only memory], que no nosso computador é aquela memória que serve só para leitura das funções que executamos no micro e que, depois de desligado, se apagam definitivamente. Mas isto é só uma ideia boba e talvez sem sentido, porque não somos máquinas. Ou somos?

Contudo, entretanto, porém, toda via, pode fazer sentido sim, e não descarto essa possibilidade se você quiser tentar. Porque o que importa mesmo é o momento, aquele que estamos vivendo a experiência de estar vivo e operante.

Ainda assim, [eu sei o que você está pensando], nem tudo que acontece tem começo meio e fim no período em que estamos acordados, e que a vida não é uma sucessão linear de acontecimentos. Assim, esse fato prova que algumas coisas acontecem em episódios diferentes no decorrer de nossa história diária.

Tá! Eu sei que você acha que eu estou enrolando, mas o fato é este: esta é a questão de tudo, uma questão filosófica que envolve a matriz da vida que vivemos diariamente.

Acordamos todos os dias e encaramos novos e antigos monstros, novos desafios que chegam sem critério, lutamos contra uma cadeia incessante de acontecimentos, encaramos coisas boas e ruins; e alimentamos nosso espírito com tudo que nos alegra e entristece. Essa é a nossa matrix diária [e ela acontece sem privilégios]. Então, no fim de um dia inteiro, deitamos, nos desligamos, limpamos nosso cache diário, fazemos o log-off da nossa rede de relações e reiniciamos. Claro, [eu sei que não dá pra zerar totalmente nossa memória] e algumas coisas ficam no sistema travando nosso desempenho, mas cada vez que paramos e encaramos as questões filosóficas e imediatas que nos prendem a essa realidade, é como se passássemos um antivírus em nós mesmos.

Essa é uma questão puramente existencialista [e para saber mais sobre isso], sugiro a leitura de Schopenhauer, Nietzsche, entre outros.

1. Renato Russo, Legião Urbana: Tempo perdido, Álbum:dois, 1986

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