Dia a dia: alexandre costa

A uns trezentos metros e quatro minutos alcanço a padaria do bairro, na esquina, logo ao lado da igreja e na frente do posto de saúde do bairro, retiro o cartão de entrada e passo pela catraca, logo que me vê o funcionário já vai falando – bom dia amigo, um café puro? – sim, eu confirmo e me sento na banqueta de frente para a máquina de café expresso, ele me serve e me oferece um pão de queijo, que eu prontamente aceito. Ambos bem quentes, eu espero o café e o pão de queijo esfriar – o que dá tempo para que o funcionário converse um pouco comigo como se fossemos amigos mesmo. Tomo meu café e como meu pão de queijo bem devagar, apreciando cada minuto, cada mordida, cada gole, uma combinação perfeita. Levanto-me, dou tchau para o camarada do outro lado do balcão, vou até o caixa, pago e saio pela outra catraca – logo o ônibus chega e eu vou para o trabalho, mas esse é só o primeiro, quando chegar ao terminal, faço integração com outro ônibus que me deixa na cidade vizinha. O dia a dia é óbvio demais e rotineiro ao extremo.

Entro no ônibus e procuro um lugar vago – e que seja na janela. No caminho tudo é igual e caótico ao mesmo tempo – pessoas e objetos se confundem; um entra e sai a cada parada e o relógio que não pausa para que possamos respirar um pouco. Chego ao terminal, pego meu segundo ônibus em direção ao trabalho. Nada de novo, nada de anormal, nada de surpreendente, nada de alienígena, nada de absolutamente nada a não ser a monotonia do dia a dia.

Desço, atravesso a rua, pego o caminho até minha sala, antes coloco minha digital no relógio de ponto, abro a porta da minha sala, duas voltas que o colega de trabalho girou ontem quando saiu depois de mim. Ligo o computador, coloco minha senha, abro os programas com os quais vou trabalhar, entro no Word antes de tudo ficar monotamente chato e escrevo esse texto.