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Empatia: alexandre costa

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 28 de set. de 2020
  • 1 min de leitura

Vilma encarava Gerson por uma razão desconhecida. Inquieta como se essa razão fosse desaparecer com a urgência do segundo seguinte, andava de um lado para o outro tentando chegar a lugar nenhum. Gerson ao contrário, impávido, a encarava com olhar de indignação. Toda aquela ansiedade manifestada em seus movimentos descoordenados não fazia sentido para ele que sempre fora calmo e comedido.

Algo estava acontecendo com certeza. A situação parecia bem desesperadora para quem via a cena fora de contexto, mas não para Gerson que continuava na mesma posição há uns vinte minutos já, não mexia nem as sobrancelhas.

Vilma, de repente, pareceu se indignar com Gerson e sua atitude pouco ativa diante do que ela estava passando. Mas o que ele podia fazer era pouco ou nada na verdade. As vidas dos dois não se combinavam nem se somavam, eram mundos diferentes e separados por um obstáculo não natural, criado por alguém sem afeição, sem o mínimo de cuidado com as necessidades dos dois.

Nunca conversaram sobre isso, como se esse tabu fosse intransponível, e provavelmente era. Dos dois o que podia se esperar era empatia, mas ambos eram focados apenas em suas idiossincrasias.

Talvez eu ou você entendêssemos o universo dos dois, mas não eles.

E por muito tempo os dois permaneceram assim, Vilma para lá e pra cá, Gerson observando e fingindo atenção. De repente tudo cessa num piscar de olhos quando Vilma vê a chuva de grãos frescos caindo por sobre a cerca. Parecendo satisfeito com o desenrolar da situação que Vilma se encontrava, Gerson levantou-se e foi dormir dentro da casa. Ah! Essas galinhas e esses cães, quem vai entendê-los?

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