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Mirabolante e insana história nunca contada sobre Eustáquio: alexandre costa

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 18 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Eustáquio serraria as próprias pernas para não fugir de seus objetivos. Acreditava apenas na possibilidade de tudo não ser verdade e nem ser mentira, nem vice-versa, nem sim nem não, apenas nisso.

Certo dia começou a ver o invisível quando fechava os olhos e passou a ser igual sem perceber a igualdade e, por isso, parecer diferente no que aparentemente não podia parecer com nada, embora fosse a cara de tudo que odiava.

Entrou em uma discussão com um desconhecido na rua e tocou num ponto que não existia e, se perdeu ali mesmo sem dar um único passo em sua direção. As coisas não iam bem, contudo, sua sede de vingança do que não havia se tornado o movia para o fundo de seu umbigo num movimento profundo e egoísta, a ponto de não ver como deveria enxergar a situação em que se colocara.

Perdeu o que não tinha, ganhou o que não pediu, esperou pelo que não vinha, se entregou ao que não existia, esqueceu que não se lembrava.

Não tinha trabalho, mas estava lá todos os dias, pois só assim poderia voltar para casa, mas não tinha casa e esperava no meio do caminho o destino lhe apontar o dedo e lhe dizer tudo que não precisava ouvir.

Assim viveu sem nunca ter nascido e morreu sem nunca ter vivido. Você nunca se lembraria de Eustáquio se nunca o tivesse visto por aí, pois Eustáquio serraria as próprias pernas para nunca fugir de seu objetivo, porque seu objetivo era não ter um. Era ser igual aos que são diferentes e assim ser diferente dos iguais. E ser igual novamente na igualdade e na diferença. Mas isso não faria diferença para ele, porque não entenderia o fato de nunca ter entendido quem era.

Quando encontrar alguém na rua, não conte a ninguém que não conheceu Eustáquio. Nem tudo que se pode ver, se parece com o que vemos ou com o que entendemos ter visto e percebido como algo que, sendo visto, estava lá sem nunca ocupar aquele espaço no tempo.

Ele gostaria que eu terminasse sua história assim: Aqui acaba a mirabolante e insana história nunca contada sobre Eustáquio.


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