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Nem continuação, nem ponto final: alexandre costa

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 19 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

...O vento soprou a cortina e entrou no apartamento feito um intruso tomando conta da conversa, as folhas do livro do chinês na capa abriram num verso que elas não viram e nada puderam fazer para amenizar as dores, os adjetivos que insistiam uma com a outra. Corre, fecha a janela, cobre o barulho de fora, ouve mais alto, fala mais baixo, mas não se perguntam o porquê? E voltam ao ponto de partida. As metáforas ficam mais fortes e duras, elas se distraem com a notícia na TV, mas não era tão importante assim, ou seria tão importante ao ponto de interromper suas diferenças?, não sabiam e deixaram pra lá.

A verdade é que não existia um ponto em comum, não existia a satisfação garantida ou sua vida de volta, era uma dentro de duas e duas como se fossem uma só, um eterno blá blá blá que vem com os votos e as promessas.

E nada continua nem se acaba nada tem começo nem fim, nada vem e nada vai, mas tudo fica como uma raiz profunda crescendo dentro delas até que nada se possa fazer além de colher os frutos dos acontecimentos rotineiros da vida. Uma árvore que cresce metaforicamente, distribuindo seus frutos pelo mundo e pelo tempo. A campainha interrompe a vida dentro da sala, uma pausa no play da vida, mas nada vai mudar, dentro de minutos a porta fecha e a vida que não parou vai descer pelo teto e acertar as duas em cheio. Não disseram nada e ouviram o que não foi dito, o literal, o real, o sofá e a taça de vinho, as cobertas e o incenso na mesa de centro, o aroma dos mantras e a cor do carpete macio. E se deitaram sem dizer mais nada, sem adjetivos nem metáforas, apenas o sentido literal do amor entre elas, deitaram sem ver o que a janela mostrava lá fora.

Tinha água na chaleira no fogo...

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