Terminal: alexandre costa
- Cafe e outras Palavras
- 30 de set. de 2020
- 2 min de leitura

Eu espero sentado no terminal o meu ônibus chegar, ainda é cedo e não tenho pressa, sempre chego adiantado para evitar o stress de viajar em ônibus lotados ou colocar a minha digital no relógio de ponto, atrasado. Observo os que vão antes de mim, chegam e se colocam na fila, alguns olham para dentro do coletivo escolhendo o lugar onde sentarão.
O motorista ainda não abriu as portas. Engraçado que muitas pessoas não embarcam quando sua ‘cadeira preferida’ é ocupada por outra pessoa. Confesso que também tenho a minha e este também é um dos motivos de chegar adiantado e esperar o ônibus vazio.
Pode ser muito bizarro observar as pessoas e o que acontece dentro de um terminal de ônibus. Alguns param para tomar seu café matinal na barraca que está sempre aberta bem cedo para atender quem quer que seja, a bilheteria – com as medidas sanitárias de hoje – são terminais eletrônicos. Muitos compram as passagens na hora mesmo de sair.
Motoristas conversam numa rodinha e tomam um cafezinho antes de entrar nos carros e partir para mais uma viagem, passageiros esperam, outros correm atrasados para não perder a o ônibus, alguns entram, olham e saem – provavelmente seu banco está ocupado. O ônibus parte, alguns atrasados correm, mas o motorista não espera, logo chega um novo coletivo e estaciona. Assim como eu, outros sentam em bancos distribuídos pelo terminal e esperam. Eu escolho até o carro, pois alguns são mais confortáveis que outros, e outros têm bancos únicos, o que é fundamental para mim. Ninguém quer ficar esbarrando as pernas no outro, nem ser comprimido por aqueles homens sem respeito que sentam, abrem as pernas e parece que vão parir.
Todos entram, eu entro também e sento em meu banco preferido, sozinho, sem stress. Outros entram e vão se acomodando. Lá fora, chegam mais pessoas, passam pela catraca aproximando o cartão no leitor digital. Vez ou outra percebo um espertinho tentando entrar sem pagar na área do coletivo. Observo as pessoas entrando e onde sentam, observo as expressões, as roupas, tudo... Isso é tão normal. Também sei que sou observado.
Em dias que não consigo sentar no meu local preferido, escolho um lugar estratégico perto da porta para ficar mais fácil de descer quando chegar o meu ponto, e torço para que nenhum mal educado sente junto comigo e me imprense contra a parede do ônibus. Acreditem, eles fazem isso. Aos poucos o ônibus vai ficando cheio. O motorista olha o relógio e sabe que está na sua hora, fecha as portas, alguns ficam do lado de fora fazendo gestos, amaldiçoando terem perdido a chance de sair naquele carro. Me ajeito no banco, percebo alguns fechando os olhos e tentando cochilar um pouco antes de chegar ao trabalho, coloco meu fone de ouvido para dar uma trilha sonora e me separar do resto do mundo ao meu redor. Fecho os olhos. Começa a viagem.
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