Uber: alexandre costa
- Cafe e outras Palavras
- 19 de mai. de 2020
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Amor, acorda, temos aquele assassinato pra hoje, esqueceu? Não, não é esse, é o outro político, o que falou mal desse aí que você perguntou. Pega o casaco que hoje tá frio. Você viu minhas botas de campanha? Também achei que tinha deixado atrás da porta. Não, não me diz que eu as esqueci lá. Não vou voltar pra pegar não, deve tá suja de sangue a essa hora, a mulher gritava muito, tive que passar a faca no pescoço. Deixa, eu compro outra amanhã. Vou fazer a barba, tá, eu tomo café depois de você então, vai tomar banho logo, não quero atrasar tudo hoje de novo.
O quê? Não tô te ouvindo com o chuveiro aberto, fala mais alto. Não sei, de esquerda, de direita, centro, tanto faz. Cobrar mais caro pra matar de direita? Não tinha pensado nisso. É, você tem razão, as coisas estão mais caras hoje do que estavam há uma semana atrás. Vai, pega a pistola, não comprei munição pro rifle esse mês, sabe quanto custa?
Esse casaco tá bom, pega aqui as luvas, põe no bolso, cuidado com os restos de pólvora nas mãos depois. Tá eu sei que você sabe se cuidar. Esse bolo tá gostoso. Fez ontem a noite? Acho que adormeci vendo o filme e não percebi você na cozinha. O quê? Ele andou falando umas asneiras na TV sobre um carregamento de madeira, ou era de aço, não sei, só sei que era ilegal.
Também não vejo a hora. Acabou? Pronto, fecha a porta, não esquece a ração da Lucy. Vamos, o uber tá esperando a gente.
Folgo em saber!
Roberto Prado
Matou sim
E matou?
Roberto Prado