Quarentena: frederico romanoff
- Cafe e outras Palavras
- 26 de mai. de 2020
- 2 min de leitura

Escrevo este texto em um momento em que estamos submetidos ao que se chama de quarentena, um período em que a recomendação das autoridades científicas é que fiquemos em casa, uma mensagem que tem sido insistentemente replicada pela mídia e que, por outro lado, não encontra apoio no atual governo, com características autoritárias, que estamos submetidos.
É preciso antes de tudo calma para viver esse processo sem entrar em lugares da mente onde tudo poderia ser mais complicado. Os espiritualistas falam de vibrações. Seria necessário manter uma vibração elevada (medida em mega-hertz) porque assim o vírus não nos infectaria. Se é assim ou não..., a recomendação passa a ser um incentivo para que aqueles que acreditam nesta narrativa tentem se manter animados, motivados e relativamente bem durante este período.
Ter as atividades em grupo estacionados em um primeiro momento pode não significar tanta coisa, mas com o tempo você vai sentindo a diferença, assim como visualizar todas as lojas, restaurantes, serviços públicos fechados... Isso não parece "normal". Aliás, essa palavra tem sido muito usada para falar sobre o futuro... a narrativa é a de que as coisas provavelmente não voltarão ao normal. Eu tenho a impressão de que quem se engaja neste tipo de discurso, de fato não quer que as coisas voltem ao normal. Existe ainda um outro discurso que dirá que as coisas nunca estiveram normais e que poderíamos usar este período para justamente refletir sobre isso. Do meu ponto de vista, eu tenho dificuldade de aceitar inteiramente qualquer uma das duas interpretações.
De fato, as coisas nunca estiveram "normais", até porque identifico na "normose" um aspecto patológico como diz o outro. No caso do Brasil em específico o que é normal? Nossa desigualdade social é absurda. Não acredito existir uma palavra diferente para descrever tal fenômeno. Quando voltarmos às atividades como fica essa questão?
Não sei escrever esse texto é antes de tudo uma tentativa de organizar as minhas próprias ideias e tentar enxergar de um ponto de vista lúcido what hell is going on. Na minha jovem vida até hoje passei recentemente por fenômenos que não pude explicar: a morte de meu pai, a ascensão de um governo de características autoritárias, uma pandemia de escala global...
Que coisas são essas?
Como entender as rupturas que elas provocam? Como (con)viver com essas rupturas? Em que medida elas nos(me) definem?
Só sinto que a pressão às vezes parece máxima, é como se nós tivéssemos de oferecer respostas a essas questões, mas que, ao mesmo tempo, nenhuma delas surta efeito... Parecem mais rascunhos de uma realidade que gostaríamos que existisse... E assim os sentimento de compaixão, cuidado, empatia, amor, entrega e carinho, parecem ser deixados de lado...
A mídia fala sobre um sentimento de solidariedade que tem surgido por conta da pandemia dá para acreditar?
Eu quero acreditar.
Mas no meio de tanta desinformação, dessa sensação de caos "informatício" me parece bem difícil.
No mais, como diz Gilberto Gil um dos nossos maiores intérpretes, seja na música, espiritualidade ou política: "tempo rei, ó, tempo, rei ó, tempo rei/transformai as velhas formas do viver".
Confiemos no tempo.
Um abraço meu amigo.
Tudo tem um propósito,o momento é de transição
Esse texto nos convida a uma profunda reflexão!
R. Fedler