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Sobre a paz e outras reflexões: roberto prado

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 12 de fev. de 2021
  • 2 min de leitura

Cheguei cedo à repartição, adiantei meu trabalho e desci para fumar. Tudo certo para vocês? Responderam sim? Pois se enganaram.

Explico:

Na rua, céu limpo de um outono cinematográfico, sol que não ameaça com calor, os garis ainda limpando as calçadas e eu sob uma árvore acendo o cigarro. Curtia a delícia da primeira tragada com quando uma mulher em “situação de rua” (houve um tempo em que se poderia dizer mendiga sem estar sendo politicamente incorreto) me pede um cigarro...

Respondi-lhe, fazendo, contragosto, contato visual, que só tinha aquele que estava fumando. Pois não é que ela retrucou perguntando sobre o maço que eu carregava no bolso?

Francamente, um homem não pode mais fumar em paz sem ter que dar satisfação para os “homeless”, os desprovidos, os fragilizados, os sem-alguma-coisa? Não bastam as placas que me proíbem de fumar em uma quantidade cada vez maior de lugares?

Diante de minha negativa ele olhou-me nos olhos de forma belicosa, agressiva, rangendo as gengivas sem dentes. Não pronunciou nenhuma palavra, mas senti o peso duma praga em minhas costas. Com meus botões cheguei à conclusão que:

- Lá se foi a alegria da primeira tragada...

Não dá, assim não dá...

Aqui me condenam por fumar, lá fora me condenam por não compartilhar meu cigarro, ô vidinha...

Vejam só, daí para a pressão alta, infarto ou impotência, é um passo!

Divaguei...

Hoje, por indicação do Silvio, eu iria escrever somente sobre a “geração coruja”, mas acabei divagando com o meu primeiro cigarro do dia.

Mas antes de terminar explicarei o que é essa tal geração.

Num desses domingos fui, contrariado a uma festa de aniversário, onde me colocaram uma máquina fotográfica à mão para fotografar as crianças...

Vocês, leitores, já perceberam como as mulheres, de qualquer idade, conseguem ficar (se houver algum quiropata lendo isso, por favor, manifeste-se) de costas e com o pescoço totalmente reto sobre os bumbuns empinados? E sorriem, demonstrando que tal posição não lhes provoca qualquer dor? No futuro, sei lá uns duzentos anos, quando nossas tataravós virem essas fotos, vão pensar que essa era uma geração vítima de radiação, experiências genéticas malsucedidas, ou como diz meu cunhado, envenenadas por excesso de hormônio na carne do gado.

Impressionante como elas conseguem essa posição...

Os ortopedistas é que faturarão alto logo, logo, pois além das lordoses ainda terão que desentortar pescoços...

E pensar que quando jovem meu pai dizia que eu cresceria surdo por causa dos rocks barulhentos (há rock que não o seja?) que eu ouvia alto...

Mas, cada geração com suas mutilações!

Que sejam felizes com suas dores.

2 Comments


Cafe e outras Palavras
Cafe e outras Palavras
Feb 14, 2021

Cada um com a sua cruz.

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Cafe e outras Palavras
Cafe e outras Palavras
Feb 12, 2021

Cabeças cabisbaixas, pescoços projetados para frente ...e a visão para o infinito ,penso que serão as "dores" dessa geração.


Rose Tayra

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