Sonhos de alguns dias de verão
- Cafe e outras Palavras
- 31 de out. de 2020
- 1 min de leitura

Aquele carnaval passado é lá se vão quase 40 anos, apesar de ter sido uma merda, teve suas compensações e nos marcou de forma marcante. Passarei a relatar alguns fatos deveras interessantes. E conto com a atenção dos senhores.
Usar o banheiro era um drama em diversos sentidos principalmente para fazer, o que se chama atualmente de número 2, e não tenham dúvidas que isso ocorria muito. Devido, talvez, à nossa dieta balanceada e areada. Pois, não comíamos nada que não estivesse cheio de areia.
Para realizar tal façanha, sabíamos o morro e entrávamos na floresta utilizando folhas de plantas para a higiene íntima.
Exceto, o desgraçado do Luiz, que encontrou segundo ele mesmo uma caixa de lenços de papel em meio à mata.
Fiz algumas caipirinhas solidárias, coletando ingredientes entre os maloqueiros e em troca cedendo meu invejável talento culinário. O escambo era a política econômica vigente em nossa favela. Uma woodstock a beira-rio. Sem rock.
Uma determinada noite, o motorista do caminhão frigorífico e irmão-bandido da nossa ex-namorada, a Iracema, invadiu nossa barraca e falou assim:
-Vocês podem sair que eu preciso ter uma conversa com a minha mina.
Atendemos a solicitação, pouco depois ele saiu com o violão do Luiz e ordenou:
- Faz um som aí que eu vou fazer um love com a minha mina. Luiz retrucou:
- Que música vocês gostam? - Qualquer porra! - disse o ansioso rapaz que sacando um cigarrinho do demônio do bolso, deu-o a nos.
- É pelo aluguel da barraca.
Foi o horror, o horror...
Roberto Prado