A carona: roberto prado
- Cafe e outras Palavras
- 10 de nov. de 2020
- 1 min de leitura

No carro.
Chove fininho, o limpador do para-brisa indo de lá para cá. O trânsito, carregado.
Dentro do carro, o casal calado.
Olham para frente, esperando uma chance de se deslocarem, saírem do lugar, poucos metros que sejam.
Falta assunto.
A razão?
Não vem ao caso e nem nos interessa...
Para quebrar o gelo, o homem, comenta, tentando, quem sabe melhorar o clima:
- Nunca mais essa rádio tocou a nossa música, não é?
No que a mulher entre ríspida (afinal ela está ao volante) e com pouco caso:
- Nossa música? - Desde quando nós temos uma música? Você tá viajando? Vê se entende uma coisa de uma vez por todas, isso é só carona, não sou sua mulher, não sou sua namorada e nada sua, além da pessoa que lhe dá carona, compreendeu isso de uma vez por todas?
De repente parece que o engarrafamento nunca mais irá acabar...
A chuva engrossa, e o rádio não toca a música “deles”...
E o clima dentro do carro piora.
A chuva engrossa, as ruas enchem, as águas transbordam e positivamente não dá para descer do carro.
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