A maldita pergunta: roberto prado
- Cafe e outras Palavras
- 21 de out. de 2020
- 1 min de leitura
( É quando me pergunto se vale a pena ser educado)

- Acordei com trinta e sete graus e meio!
Respondeu-me o cão, quando por educação (sim a tenho), perguntei-lhe como estava.
Mordi os lábios, e discretamente amaldiçoei a hora que o encontrei. Tentei seguir em frente, mas ele segurou-me pelo braço, (os chatos tem esse hábito!) e começou uma história sem fim e/ou sentido sobre tudo e sobre nada em especial (especialidade dos chatos!), minto, teve fim, quando por milagre a porta do elevador abriu-se e deixando-o a falar sozinho, entrei naquele cubículo espelhado, apertei o botão do terceiro andar, e fui.
Mas antes que o maravilhoso meio de transporte vertical chegasse, ouvi muito. Não entendi nada, deixei-me ficar em piloto automático e balançava a cabeça afirmativamente para cada frase, palavra, sentença, afirmações e negações que ele fez. Concordando, falsamente, com suas exclamações, balançava a cabeça com mais veemência ainda.
Com as mãos nos bolsos eu quase me castrava, sentia em meu íntimo (entendam como quiserem...), que quando a conversa terminasse, se terminasse, estaria eunuco...
Tudo isso por um simples:
- Tudo bem?
No bolso do meu blazer trazia um exemplar de “Ficções”, de Jorge Luiz Borges, que ainda feliz com a vida, havia comprado num sebo onde passo religiosamente todos os dias.
Pergunto-me se isso tem alguma coisa a ver com a essa situação.
...e ainda gasto dinheiro comprando livros sobre realismo fantástico!
100% certo...
Uma pena, não é?
Roberto Prado
A vida é fantástica da pior maneira possível.
Alexandre