A moça no telhado: roberto prado
- Cafe e outras Palavras
- 20 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

Estamos em quarentena, proibidos de ir à praia, sair às ruas, só não nos proibiram, até agora, de ficarmos nas janelas; temos que colocar os macaquinhos do sótão pra trabalhar... Então – ontem - me tornei um ornitólogo amador, especializado em gaviões, vulgo “Caracara plancus”, muito comum em nossa cidade, principalmente no cais, farto em pombos e ratos, ou no mais castiço latim, “Columbidae”. Pois foi perscrutando o céu, levemente cinza e com uma aragem que jogava umas nuvens de um lado para outro, à procura da dita ave de rapina que vi, eu a vi! No prédio aqui atrás do meu, do outro lado da rua uma mulher de biquíni, muito pudico como pedem os dias de hoje, estava angustiada, ou penso eu, à procura de um espaço entre os telhados. Ficou alguns minutos tentando arrumar lugar para estender a toalha amarela. Acompanhava, da minha janela, sua luta para arrumar um lugar ao sol... Ah, essa quarentena está nos levando a tomar atitudes extremas... Depois de muito andar pelo telhado ela conseguiu achar espaço entre as escadas de metal que levava às caixas d’água. Virou de um lado pro outro, estendia aqui e ali, fez ou pensou que fez uma parede com a saída de banho. Fechou-me a visão, mas não a minha imaginação. Podia-se perceber que ela passava bronzeador ou protetor solar e quando se acomodou... Um trovão, que fez tremer a terra, e começa a chover. Com o som da trovoada, escondido sabe o Criador onde, o carcará , já esquecido em meio a esse drama - que a bem da verdade - já tinha esquecido dispara pelo ar. Juro, senti pena dela. Hoje, com o sol de volta, estou com a máquina fotográfica e binóculo esperando por ela, digo, o gaviãozinho. Agora enquanto digito essas linhas... ...depois termino isso aqui, vou à janela.
E a moça da toalha amarela,
Confesso que forcei a vista para ver se conseguia
ver a tal moça, mas só avistei a toalha amarela.
Coisas de quarentena!!
Edna Leontina
Lí, uma gracinha...
Se é que se pode assim ser um elogio
Leve
Muita gente querendo ver atraves da toalha amarela.
Rose Tayra
Nenhum deles chamava-se Tião.
Roberto Prado
Dois gaviões observando a moça no telhado...kkkk