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A tipinha entra na livraria: roberto prado

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 30 de jan. de 2020
  • 1 min de leitura


(drama litero-existencial relâmpago)



Longos cabelos, tingidos; óculos fashion; roupa da moda - roxa; bolsa com frigobar; equilibrando-se num salto alto e aleatoriamente pega um livro.

Folheia-o como um alienígena fazendo necropsia num outro ser mais alienígena ainda (entendam estranhamento).

Quando atendida, fazendo-se de importante, com o dedo indicador direito no lábio, comenta:

- Livro pesado...

O atendente se prepara para o pior, afinal o livro tem pouquíssimas páginas; a madama continua:

- ... Parece-me que o autor está num luto profundo sofrendo uma dor, dor de grande perda, nota-se que ele sofre com o peso a da existência, a dor do não-saber, cansado de querer saber de onde viemos, para onde vamos...

O atendente, coitado, suspira profundamente e tenta explicar:

- Mas esse é um livro de humor. Acho que a senhora não entendeu o que ele quis dizer.

Ela empurra os longos cabelos para trás e retruca:

- Pois para mim esse livro traduz toda a dor excruciante de uma imensa perda! Pois é assim que entendo todo livro de capa vermelha!

Não sei como terminou essa conversa sem sentido, pois peguei meu livro e fui embora imaginando essa tipinha comprando um quilo de filé num açougue e discutindo como boi em questão era alimentado, se alguma vez cruzou com a fêmea da espécie, se pastava ou se foi criado em cativeiro, como foi morto...

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