A visão: roberto prado
- Cafe e outras Palavras
- 13 de jul. de 2020
- 1 min de leitura
(para ler rápido, de um só fôlego)

Rosinha assustada entra em casa esbaforida.
Olhos arregalados, afogada no medo com o coração a sair-lhe pela boca, suas finas pernas tremem – ela não as depila - apoia-se numa cadeira, abana-se com o jornal de ontem - que estava reservado para embrulhar as escamas do peixe do jantar. Longos minutos passam antes que possa proferir palavras, palavras essas que abalarão os pilares daquele lar cristão e conservador – O pai é da TFP e a mãe da renovação carismática...
No quarto dos pais há uma foto do Papa Bento XVI, sorrindo.
Rosinha fita o quadro da Santa Ceia na parede sobre a mesa do jantar e com as mãos tremulas (suas unhas não tem esmalte) faz o sinal da cruz.
Sua mãe acorre a ajuda-la.
E antes de, por fim, desmaiar profere as palavras:
- Eu vi o Magrão!
- Aquele demônio, suspira a mãe apertando contra o colo a medalhinha de São Bento.
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