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Ah! o amor...: roberto prado

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 18 de jun. de 2020
  • 1 min de leitura

Para O Mário e sua bárbara dor


não sofras meu jovem

tu ainda não sabes nada de nada

e sofres por tão pouco

lá frente

no futuro

(por isso não te mates ainda)

tu verás que aquilo não era dor

talvez fosse

quando muito

um beliscão no orgulho

ferido, sim, eu reconheço

mas não são dores de amores

sofres

sim, outra vez reconheço

sofres, mas não sofres a falta dela

sofres, mas é por não tê-la e o outro sim

sofres, pois outros braços que não teu

a abraçam

outros lábios que não o teu

a beijam

outro teto que não o da tua casa

a abriga à noite

mas isso, embora doa muito,

não é amor

pode ser o despeito

a vontade assassina

(segure essa onda)

de torcer o pescoço do rival

que até pouco tempo

apresentavas como mais que amigo:

- um irmão! pense assim

tudo passa

o que tens é uma paixão

uma febre

uma doença de verão

passageira

amanhã

(por isso pedi para que não te matasses)

rirás disso

e não rirás sozinho

rirás e muito

em companhia desses

que hoje te atormentam

e fazem de tuas noites

pesadelos suarentos e arfantes

cuida-te hoje

para tenhas amanhãs

siga em frente

nem olhes para os lados

(exceto é claro, na hora de atravessar ruas)

e, preste atenção

lá no horizonte

que não é assim tão distante

verás, sem sombra de dúvida, acolá

outra(s) garota(s)

e comentarás rindo

(via e-mail?, telefone?)

com esse canalha de seu,

hoje ainda, odiado ex-amigo:

- cara, encontrei a mulher da minha vida!

e, pode até, ser ela

pode também não ser

mas nesse dia

nem sequer

te lembrarás que um dia

sofrestes por essa que agora

me leva a te escrever essas linhas.

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