Ah, o carnaval: roberto prado

Ah, o carnaval...

Pronto, está dito o que posso sobre essa festividade. Nada mais, e tudo a menos.

Não resisto.

Vou às minhas perorações:

- Como podem esses primatas semi-evoluídos saírem às ruas, sob essa canícula de rachar coco, pulando, cantando, gritando se descabelando como se fosse um ritual de fim de mundo (ah, antes fosse, certamente eu compareceria e participaria com o corpo e alma de folia final), de manhã à noite e atravessando a madrugada.

Dinheiro jogado fora.

Os pobres mortais não-carnavalescos não tem onde se esconder, não tem um cantinho sossegado para chamar de seu. Não havendo um lugar onde a confusão em altos decibéis que não o alcance.

Dirá o leitor (eu e esse estranho conceito...):

- Quer sossego vá a uma igreja – Sim igrejas há, de mão cheia, mas a barafunda chegará a essa pobre alma através das grossas paredes de pedras, algumas, centenárias, e lá se vai a paz, a comunhão com o Ser superior e/ou diabo a quatro.

Outro, mais afoito pode corroborar com o anterior clamando:

- Suma da terra! – Destemperado leitor (a quem engano?) não tenho condições de deixar essa terra, ou a Terra.

Vejam minha situação...

Amanhã começa o curto reinado de Momo, é curto e fatal.

Pelas minhas janelas ele se fará notar, por cânticos pagãos, barulhentos, de gosto duvidosos, de mau gosto explícito. Muitos darão seu testemunho de descenderem de selvagens vindos de tempos remotos, seus genes recessivos mostrarão a força oculta no sangue desses foliões.

Bestas feras!

Já tenho estocados livros e músicas para meu retiro, eu disse retiro? Não! Meu exílio em casa. Se o calor não se tornar mais infernal que esses últimos dias, fecharei todas as janelas, puxarei as cortinas e esperarei, roendo as unhas o fim dessa bagunça.

Será que na Roma antiga nesse período soltavam leões sobre a plebe rude?

Divago...

Neste momento, imagino Nero, Carnaval e Vesúvio 3 atos de um mesmo movimento

Divago demais!

Já sobre os desfiles, só digo isso:

- Invés de acabar com apoteose, deveria acabar com um apocalipse!

Ouço trovões ao longe.

Em tempo:

- Cuidado com confete nos olhos!