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Ah! o natal...: roberto prado

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 28 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

(porquê?)




Dezembro, quase chegando...

A droga do Natal está chegando com suas luzes, suas músicas, seus sininhos, seus corais, crianças sorrindo angelicalmente feito bobas e fingindo terem sido boazinhas, mães alucinadas fazendo compras, pais alucinados pagando as mesmas...

Lojas com vitrines abarrotadas de ofertas, brinquedos e outras desnecessidades que podem ser pagas em trinta e seis meses...

As ruas enfeitadas, as árvores iluminadas, papais-noéis de plástico ornamentando prédios e casas, falsas neves de algodão cobrindo portas e janelas, homens gordos vestidos de vermelhos usando botas falsas até o joelho que como embriagados, gritam ho-ho-hos, assustando gatos e cachorros...

E o comportamento das pessoas?

Sorrisos amarelos, boa vontade de má vontade, abraços frios, apertos de mãos fracos e úmidos, cartões que nunca deveriam ter sido escritos, e-mails que jamais deveriam ter sido enviados, presentes que serão trocados, tamanhos errados, cores bizarras, telefonemas burocráticos, visitas indesejáveis, parentes que só vemos nessas épocas, lembrar-se de amigos que pensamos mortos ou que queríamos esquecer de vez...

Natal?

Bah!

Maldito Natal!

...que nos faz gastar o dinheiro que dolorosamente economizamos o ano inteiro para trocar o carro ou a TV.

E os presentes que ganharemos?

Gravatas que só usaremos no dia de nosso fuzilamento (e ainda assim, com os olhos vendados), as camisas que jamais vestiremos, e aquela calça rasgada?, chinelo que detestaremos assim que rasgarmos o embrulho, aquele suspeito vinho argentino da “25 de março”, presente daquele cunhado, e que de tão ruim, não serve nem para lavar chão de bordel (onde possivelmente nasceu a mãe dele!), e tem a sogra que veio do interior e que vai querer assistir ao especial do “Rei” gritando com as crianças que fazem barulho correndo pela sala, e la pièce de résistance, o velho sogro que dorme estirado no sofá roncando, com um charuto prestes a queimar o velho e caro tapete que sonambulamente segura um pratinho de alguma deixado pela metade e que o cachorro sorrateiramente acabará roubando...

Natal?

E enfim, quando pensamos que somente uma hecatombe nuclear seria uma solução, olhamos o relógio e vemos aterrorizados que falta um segundo para a meia-noite, desesperado, suando frio, olhamos para os lados e constatamos que já é muito, muito tarde, e que não há escapatória, não há uma porta ou janela ou buraco no chão da sala para nos jogarmos dentro, e que “aquela estrela brilhando no céu” não era um cometa que nos redimiria e que rindo e cantando e balançando os braços feito zumbis radiativos foragidos de um filme B do Roger Corman, os parentes da sua mulher, feito uma avalanche catastrófica (já agora um filme-desastre C), vem nos abraçar e desejar Feliz Natal, dando-nos tapinhas nas costas, beijos melados e, pode ser paranoia, mas você sente que seu cunhado tentou bater sua carteira, e em meio a balburdia, o sogro, que estava “anestesiado”, começa a xingar todo mundo, por que atrapalharam o sono dele.

Na rua começam os fogos, e o cachorro em pânico, corre para debaixo da mesa, puxando a toalha, que dizem ser da avó de sua sogra, derrubando a comida no chão...

Mas isso ainda não acabou...

Em uma semana, sentiremos que o Natal foi só o começo da tortura, sim, isso mesmo, em uma semana, vem o Ano Novo!

Então uma furtiva lágrima corre pelo seu rosto e você resignado acaba aceitando uma taça daquele vinho que seu cunhado lhe presenteou...

-Ho! Ho! Ho! , ele sibila sardônico, em seu ouvido enquanto a taça, já cheia, transborda o vinho para o tapete...

1 comentario


juliasilva426
28 nov 2019

kkkkkkko jeito que voce odeia as festas de fim de ano é diferente... sincero pra caralh*, adorei

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