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Aqui não é Macondo: roberto prado

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 25 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Aqui não é Macondo, mas parece-se com Macondo.

O sol, o mormaço, a poeira no chão que sobe ao nosso nariz, aos nossos olhos. Não aqui não Macondo, mas tal pasmaceira enganaria um incauto que por aqui chegasse... Estamos começando os nossos 100 anos de solidão. O velho cada dia fica mais velho sem ficar antigo, queima essa etapa e desfaz-se em poeira. O novo se há algo novo nesse mundo abandonado por Deus, desvia-se daqui, de nós. Somos - assim acordamos todas as manhãs - mesquinhos, miseráveis de corpo e alma. Invejamos o outro, o próximo, o parente, o presente, o ausente, sorrimos de esguelha, com o dente de ouro virado para sol, e assim brilhar mais... Macondo, se Macondo existisse, declararia guerra contra nós, e dessa venceria. Se aqui fosse Macondo faríamos uma revolução, e como lá perderíamos também. Mas perderíamos por incompetência, inaptidão, por preguiça, somos fracassados e se não nos orgulhamos, também não demonstramos vergonha disso... Falta-nos tanto caráter...

Minha esperança está, hoje, toda depositada nas saúvas. O sol nunca mais vai se pôr? No calendário todos os dias são iguais... Os velhos comentam que vem chuva por ai, um desses. Recuso-me a ter esperanças... Nas ruas esburacadas as saúvas andam em marcha indiana, preparam-se para tomar essa terra para si. Que façam bom proveito desse areal estéril... Ah se eu tivesse forças para sair daqui... Vou esperar começar as chuvas, um dia desses... Queria continua a escrever, mas o papel vai acabar, e o vento mudou de direção e não vão trazer nada para mim aqui na porta de casa... Continuo quando a monção voltar para o meu lado. Escrever cansa tanto...


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