Aslushiiiia: roberto prado

(bilhete encontrado sob a cama, enviado posteriormente)

Ouço isso há algumas noites e, garanto, não são as vozes dos anjos que antes ouvia. Não, não são não!

Começou recentemente.

Todas as noites sussurram ao meu ouvido.

Terrível, bom amigo, terrível, arrepiante, tenebroso, doloroso...

Não sei o que isso significa. Mas é feio!

Quando ouço isso durante o dia, de imediato o céu se fecha, o sol se põe, fica frio, venta, e do chão brota o mal. Sim o mal!

É como se outra Perséfone viesse dos infernos, não para trazer a primavera, o verão, não essa traz a fome, a desgraça, a seca, a morte...

Dia desses estava limpando minhas armas, feliz da vida, quando:

- Aslushiiiia... – do nada, talvez do éter, veio essa voz murmurando em meus ouvidos.

Minh’alma gelou. Tudo ficou escuro e minha vontade foi de sacar todas as armas, limpas!, e partir para ao genocídio.

De outra feita, num bar próximo daqui, a beber uns uísques com uns lenhadores rindo, contando chistes, anedotas, rindo e:

- Aslushiiiia...

Fui dar por mim numa calçada suja, ferido e cheio de hematomas. Contam que me peguei com os brutos e tomei uma surra homérica – embora tenha conquistado a simpatia dos moradores da vila! Estou em petição de miséria...

De onde vem esse nome?

Que demônio a profere? Responda enciclopédico amigo!

Será ela a Lilith, a mãe de todos os demônios, dos íncubos e súcubos?

Como isso aconteceu comigo?

Temo ouvir isso à noite...

O que se sucederá?

O que será de minha missão?

Será castigo por protelar, por procrastinar tanto?

Brujo!, minha salvação em vossas mãos! (abra seu velho papiro de orações egípcias e ore por mim)

Ó! Bom Anúbis...

Temo olhar para a minha garrafa de absinto...

P.S. Envio-lhe, como prova de meus hematomas, alguns curativos recém-retirados.

P.S.2 Envie-me a sua cópia (que você diz, autografada) do Malleus Maleficarum. Talvez precise de subsídios para queimar alguém...