Divagâncias de 2005
- cafe & outras palavras
- 15 de ago. de 2019
- 4 min de leitura

Nesse ano surgia o primeiro blog da dupla Costa Prado, ou seja: Eu e o Magrão, um blog de divagação e lembranças, achávamos muito velhos à época... Tolinhos eramos, isso sim.
Segue alguns textos dessa época, já, longínqua.
"9 ESPIGAS"
Acabei de comprar nove espigas de milho.
E daí?
Vocês dirão!
Estava com vontade de comer pamonha, (sim eu sei que é pecado uma pamonha comer outra), então comprei essas nove espigas.
Grandes. Amarelinhas. Bonitonas
Comprei. Trouxe para dentro da repartição, e começou a briga. No meu direito de proprietário, amo e senhor das espigas, me furtei, coberto de razão, ao trabalho de ter que ralar as ditas espigas. Parece que todo mundo quer comer sem trabalhar! Ninguém se manifestou ninguém se ofereceu a processar (ralar) o milho. Todos querem ir para o céu, mas ninguém quer morrer!
Moral da história: Vou para casa com um saco de espigas, sem comer a bendita pamonha. Depois essa gente reclama que Deus não ajuda!
Vão passar o resto da tarde tomando café vagabundo que o estado compra (que tolera até dez tipos de misturas).
Cada um tem o que merece.
(Até eu).
TENTANDO ESCREVER
E cá estou eu diante de uma tela em branco (na verdade azul, mas vamos deixar isso prá lá).
Que já não está sim tão em branco, haja vista que comecei a traçar umas bem traçadas linhas. Coisas da modernidade e computador.
Segunda-feira é um inferno. Por mais que nos esforcemos, parece que nada vai dar certo...
É difícil começar a trabalhar. Pior ainda tentar se concentrar em alguma coisa. Na minha mesa o serviço olha para mim, eu olho para ele e não saímos desse "platonismo". Telefone toca, atendo no piloto automático, respondo sem pensar, desligo e nem percebo o que ocorre à minha volta, na rua os moleques tocam funk no último volume, no talo, a minha mesa balança no mesmo ritmo, as pessoas se olham, uma para outra esperando que alguém vá lá fora e peça para eles abaixarem o som. Continuam se olhando e o som comendo solto. Eles esperam, em seu íntimo, que EU vá lá fora brigar com os animais, mas nem isso eu quero hoje.
Não quero nem brigar...
O tempo passa.
A música (?) continua, agora somada aos gritos primal desses neandertais subumanos.
Não parece que vá parar tão cedo.
Nem assim acordo para a vida. Só me resta esperar (im)pacientemente que a segunda-feira siga o seu caminho normal e acabe logo. (ou mundo, o que vier primeiro)
(tic-tacs...)
Pelo visto, lá pela sexta-feira (18h00minhs, horário de Brasília) essa droga de segunda-feira acabe.
Vou ao banheiro lavar o rosto e pensar na vida.
Fui.
"TODAS AS 'PUTAS' VÃO PARA O CÉU"
Não me lembro onde foi que eu ouvi uma vez essa frase assaz interessante, "Todas as putas vão para o céu", aquilo ficou encasquetado na minha cabeça. Raramente se ouve falar bem de putas, deve ser, eu acho, por causa dos filhos delas, coitadas, afinal ela não tem tempo suficiente para educa-los, e eles acabam indo para Brasília... Mas isso não vem ao caso. Brasília, quero dizer, não as putas.
Acho que ouvi essa frase num bar, num dos muito brindes (tim-tins) que se fazem a torto e a direito, quando os vapores do álcool sobe às cabeças. Brindamos a tantas coisas sem sentido... Que atire a primeira pedra aquele que em sua juventude, não frequentou a zona de prostituição. Que aprendeu o B-A-BÁ do amor carnal (de onde tirei isso meu Deus?) Que atire a primeira pedra, aquele que não saiu em matilha caçando feito um cão faminto, farejando de porta em porta, de puteiro em puteiro, entrando naqueles hoteizinhos de quinta categoria (quando estavam limpos, coisa rara), todos tendo como fundo musical aquelas pérolas da música brega (recuso-me terminantemente a dar exemplos), segurando uma cerveja até ela esquentar, por falta de dinheiro para consumir outra. È...
Essa era vida antes da internet. Eu tinha um colega, que era chamado de "O Pai da Zona", onde chegava era uma festa, as putas iam abraça-lo, e ele pagava cerveja para elas ( e ele sorria feito um vereador fazendo comício em subúrbio), parecia uma cena de livro de Jorge Amado. E olha que devíamos ter à época uns 18 anos, talvez, mais ou menos, mas era por aí. Lembro que tinham dois medos que nos perseguiam (e que temperava a aventura):
1. Que algum conhecido de nossos pais nos vissem,
2. Gonorréia
Vejam como estão as coisa hoje... Fazendo um tim-tim proponho um brinde às putas, afinal: "Todas vão para o céu"
Vocês se lembram dessa época?
PRAIA NO SÁBADO
A sexta-feira passou assim como passaram o sábado e o domingo.
Já cá estamos na segunda-feira pensando no que não fizemos no fim de semana, e já planejando o que faremos no próximo.
Quando era moleque ficávamos contando os minutos para o sábado, ainda não tínhamos percepção para entender uma sexta-feira à noite, isso só veio mais tarde, mas isso é assunto para outro dia.
Sábado era sagrado, dia ir à praia, porque no domingo ninguém fugia do catecismo... Íamos em bando, todos os moleques da rua se reuniam e iam fazendo barulho, batendo bola, empurrando uns aos outros, provocando cachorros, fazendo uma baderna que hoje, com minha idade condeno veementemente. Lá chegando era uma corrida só para ver quem chegava primeiro à água. Era um estouro de boiada, com direito a areia voando como em filmes de bang-bang. E ai de quem estivesse no nosso caminho, seria empurrado, pisoteado, triturado, nada nem ninguém nos seguraria até estarmos n'água.
E uma vez lá dentro... era só alegria.
O que você lembra de praia com seus amigos de infância?
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