E o ano chega ao fim...: roberto prado

O ano está chegando ao fim, os planos do ano passado não se realizaram, ou sequer tivemos tempo de pô-los em prática, continuamos gordos, sedentários, sem ler aquele livro, sem visitar aqueles amigos distantes, sem parar de fumar, sem parar de beber tanto...

Para que não digam que sou um rematado pessimista vamos agradecer por nos mantermos no mesmo emprego, sortudos que somos!

Tenho o mesmo emprego e enlouqueço quando alguém vem me falar dessa coisa de “zona de conforto”, ralamos uma vida para chegar à estabilidade e agora essa onda, essa (maldita palavra!) tendência...!

Como se morrer aos pés do Everest, longe da minha “zona de conforto” fosse me fazer algum bem...

Divago, perdão.

Faço muito isso ultimamente e principalmente nessa época...

Já começam as ofertas (e a onda/nova tendência: Black Friday!), os assédios às portas dos estabelecimentos, os papeizinhos distribuídos nas esquinas, em todas elas. O assédio nas ruas, os pedintes... Reconheço novos personagens nas redondezas, outras caras com as mesmas necessidades, as mesmas fomes.

O mesmo calor desse sol que nos derrete os miolos, o asfalto, a realidade (será assim em Mercúrio?)...

Termina o ano com o começo das, por hora sub-reptícias, propagandas políticas, nosso Alcaide começa a fazer obras (tardias, proteladas, procrastinadas ao longo de dois mandatos) pela cidade piorando o que é ruim, aumentando os buracos, quebrando calçadas, estragando praças, hora com “obras”, hora com placas de futuras obras, que o próximo Burgomestre há de destruir - existe por cá um bem encaminhado projeto de destruição dessa cidade.

Pobres de meus sanhaços, sabiás, pombos e carcarás...

Vemos o ano chegar ao seu fim, terminamos esse ano e o próximo nem se dá ao trabalho de se maquiar, fingir uma diferença, um algo a mais, um “je ne sais pas”, que se não nos engane, nos iluda com uma possível mudança de qualquer coisa em algum lugar...

Estamos em dezembro, um dezembro como qualquer outro dezembro, desses muitos dezembros em série que se tornou a nossa existência. Nada diferente, nada promissor, sem nada de novo que nos dê algum alento, alguma esperança...

Só espero (na verdade clamo, genuflexo, ao Criador!) que pelo menos mudem (ou se tornem mudas!) as músicas natalinas!

O ano chega ao fim com os mesmo, mesmíssimos estertores e promessas...