Nada a declarar: roberto prado
- Cafe e outras Palavras
- 11 de dez. de 2020
- 1 min de leitura

ah! deus!
cada dia mais e mais
sou assolado pela deficiência
de assunto, do quê falar
nem pergunto o porquê
sei a resposta
sim, eu sei
é esse fastio em que (dês)vivo
já não me satisfaz mais percorrer
zanzar, deixar os pés me levarem
circular, peregrinar a esmo
me deixar perder pelas ruas
me indago:
“quem estará mais vazio:
eu? a cidade à minha volta,
ou os chãos que (re)piso?”
vos engano, iludo, ludibrio, tapeio
tomo de vocês tamanho tempo,
tão precioso, me lendo
buscando entender o que tento dizer
entendam, coisa nenhuma vos digo, nada,
sim, confesso, sou uma embalagem vazia
um palco abandonado
sou a folha de jornal que o vento leva
de volta pelas mesmas ruas
avenidas, alamedas, becos
que há tão pouco tempo,
perdido em pensamentos, passei
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