O que aqueles olhos de jabuticaba piscando fizeram com você velho comandante! - roberto prado
- Cafe e outras Palavras
- 2 de jun. de 2020
- 2 min de leitura

(pequena crônica do dia em que a Dilma veio fazer discurso aqui na cidade)
te aborrecestes ontem
quando na praça da república a massa
envolvia-se e rejubilava-se
(por que não? babava.)
como que diante do grande salvador
(ou seria a granda salvadora – ah! aquela estranha dialética da época!)
pena os fogos terem espantado as pombas e os sanhaços
e ao seu lado a pequena burguesa vomitava sua bílis
seu mal herdado da casa grande ancestral...
pois ela era uma leitora do olavo de carvalho
(aposto que seria capaz de declamar trechos inteiros, se desafiada fosse!)
(ainda bem que não foi, não é mesmo?)
tão pequena e
tão sinhazinha
(só falta estar vestida de chita branca e tranças)
transpirava seu ódio
rancor e medo
do populacho lá fora
(seus punhos seguravam uma imaginária e ancestral chibata)
ela que te olhando nos olhos
- com aqueles olhos de jabuticaba
desafiava tua doçura e fé na revolução
(que um dia?) virá (ou não!)
ela tão carismática e arrogante
direitista de berço & criação
vomitava palavras de ordens
e procurava no ar
(louca? desvairada?)
uma arma imaginária
para o tiro final
para o começo de um novo fim...
sim ela desafiou vossa doçura a virar fel
e penso que pouco faltou
- não é?
mas não sofras velho comandante
nosso tempo está a acabar
(estamos na prorrogação, relaxe!)
o velho mundo novo
(ou o novo mundo velho?)
mostrará à burguesinha a sua face
imutável e cruel
e ela acordará
um dia desses
na praia...
na feira...
na igreja enquanto bate palminhas e canta como se fosse ser arrebatada em meio às fumaças dos incensos
que sobem aos céus dos justos,
injustos
e indiferentes...
ou dando pipoca aos pombos e macacos...
ela acordará!
pode parecer, mas isso não é uma praga - deixei-me levar pela emoção
não quero emitir aqui qualquer
juízo de valor
não comungo radicalmente
com qualquer cor política
(sou um iconoclasta desde sempre)
mas compartilho de sua dor
velho caudilho.
e parafraseando-o, sábio cínico:
-ela é mesmo muito
bonitinha para ser assim
tão conservadora!
Texto escrito originalmente em 2014/10/01
Obrigado Fredinho!!!
Roberto Prado.
Show de bola! Para além das diferenças políticas que sejamos todes arrebatades! rs Um abraço.
Impressionante...
Estava quase a esquecer esses episódios, e você escriba, vem e exuma esse período!
Maria do Céu.