Pingas aromáticas: roberto prado
- cafe & outras palavras
- 2 de set. de 2019
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Essa faz mais tempo ainda - do tempo em começamos a fazer teatro amador. Aliás, foi quando nos conhecemos. Fomos apresentados um ao outro por um amigo em comum, L.B. Não declinarei seu nome, temo que ele possa vir a me processar por isso.
Foi numa noite no campus da faculdade em que ambos estudavam História à época. Discutia o amigo L.B. [1], sobre a direção de sua nova empreitada teatral: Senhora, de José de Alencar. Nos bancos da conceber. Fora um ou dois barris da mesma, em estado de cristalina pureza.
Bebemos, bebemos e bebemos. Lembro-me até hoje que a última dose que tomei foi de pinga com patchuli.
Cheguei em casa com as tripas perfumadas e um amigo para toda a vida. Depois da montagem de Senhora, montamos nosso próprio grupo teatral o G.E.T. JOÃO CICLISTA, O GLORIOSO.
O que é G.E.T. perguntam-se? Responder-vos-ei com o peito cheio de orgulho quase paternal: “GRUPO ETÍLICO TEATRAL.”
Nunca chegamos a apresentar nada, nem comer ninguém, mas só nossos ensaios entraram para a história (de quem nos conheceu, é claro). Arrumamos encrencas com muita gente e até com sub-gente (não, não explicarei isso), gente famosa, gente da P.F. (era o tempo de censura), e principalmente com os outros grupos que ensaiavam no Municipal.
À época todos eram contra a censura, os milicos, a situação, todos eram de esquerda, aquela famosa esquerda festiva, que no caso deles eram a esquerda de “gliter & miçangas”. Tinha todo o tipo de mamíferos por lá, desencaminhados, homos, héteros, bi, tri, etc..
Dois casos engraçados e marcantes da época:
1. Num balcão de bar, Vadinho com a sua cara de pau pergunta para um rapaz de outro grupo, claramente homo:
- Cara, afinal você é ativo ou é passivo?
Mamado, ele olha para o nada e responde com ar indefinidamente vago.
- Sou relativo...
2. Uma noite, após o ensaio, estávamos num bar bebendo (novidade!), quando de repente Caxuxa (pelo apelido, façam uma ideia da criatura) sai brava, reclamando do dito cujo já supracitado:
- Assim não! Um cara lindão ali, e esse sujeitinho se mete no meio, como vou competir desse jeito...
Às vezes pergunto-me a razão de tal nostalgia...
[1] Aqui coloco nossa troca de e-mails, que elucidará um pouco mais o entendimento desses Fragmentos: Usarei essas mal traçadas linhas para reparar um injustiça e relembrar algumas frases célebres de José Carlos Oliveira, o J.C. Rocco ou simplesmente o zécarlos: - "O meu professor de lógica disse uma coisa lógica"! Maravilhado na terceira ou quarta vez que repetia o primeiro ano da faculdade de filosofia e finalmente achando que havia entendido alguma coisa...
postado por vladéfoda às 04:36 em 30/10/2009
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Ranzinza disse...
E além de tudo foi o primeiro e único (e assim mesmo por pouquíssimo tempo) o Vice-Presidente (com voto meu - sim, me envergonho) da Federação de Teatro Amador de São Vicente.
Essa cidade não dá sorte mesmo! (entendam como queiram).
Ah! Como queria de volta os livros que doei (as Obras Completas & Autografadas de Plínio Marcos, presente daquele que um dia virar-me-ia a cara e jogaria anos de amizade no lixo por causa do nome do meu cachorro) para a tal Federação... Não perca a oportunidade de recordar-se também de L.B e da L.B. Produções Artísticas!
Um dia esse labrego (Vadinho) há de colaborar (e corroborar o que eu digo!) nessa Revista.
Obrigado pelos comentários!
Fortes amplexos fraternais.
eu não sei dizer se isso é bom ou esquisito... me senti como se estivesse ali. não como um dos amigos, mas com um codjuvante. talvez essa coisa esquisita que eu sinta seja a demosntração da sua boa descrição.
parabéns pelo trabalho, continuem!