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Quando quase me separei por causa da diana krall: marcelo lemos

  • Foto do escritor: cafe & outras palavras
    cafe & outras palavras
  • 1 de ago. de 2019
  • 2 min de leitura


Há um ano da virada do milênio, em uma madrugada qualquer, Henrique e eu bebíamos uma abençoada garrafa de Appleton, quando este lembrou de tocar um CD importado que havia ganho e que, por puro preconceito não botamos muita fé, pois tinha uma loira maravilhosa na capa.

Um susto!

Era uma tal de Diana Krall, da qual nunca ouvimos falar.

Foi uma experiência simbiótica, quase acidamente lisérgica, o rum, Daiana e a linguiça crua queimada com conhaque, que o Mineiro preparou.

Ficamos encantados com aquele frescor, vigor e vivacidade com que ela cantava velhos standards.

Lembrando que naquele longínquo ano de 1999, não tínhamos ainda Amy Winehouse, Andrea Motis ou sequer Rosália. O jazz que conhecíamos tinha cara de impressão Art Decô em papel canson. Algo até mais venerável que manuseável. Aquilo que ouvíamos, era algo diferente, latejantemente sanguíneo, novo e elegante, quase POP, mas só que bom.

Henrique ficou surpreso por terem lhe dado o disco acompanhado dos seguintes dizeres:

- É a tua cara. A surpresa coube a, depois de inimagináveis bolas fora, ter sido algo muito bom e novo.

Bem os dias se seguiram e eu com suas canções na cabeça.

Passado dois meses, fazendo compras minha esposa e eu, em um mercado com bulevar, ao ver uma loja de discos com um pequeno e barulhento show de rock na porta, resolvi ver se havia algum cd da dita cantora, a qual naquele momento me fugira por completo o nome.

Rose ficou na porta, assistindo o grupo musical, enquanto eu vasculhava em vão a seção de Jazz. Aos berros, a atendente e eu tentávamos nos comunicar, sem sucesso. Resolvi ligar para Henrique e perguntar o nome da crooner. Não sei se não lembrava do disco a que me referia ou se não conseguia me ouvir em função do ensurdecedor barulho, quando apelando, gritei-lhe:

- AQUELA GOSTOSA, QUE ALÉM DE TUDO AINDA CANTA? - não percebendo que a banda acabara a música, exatamente naquele momento.

Do outro lado da linha, o mineiro de imediato lembrou seu nome e quando desligo o telefone, todos estavam me olhando, a atendente desconcertada, Rose cuspindo fogo pelos olhos, os clientes da loja e a porra da banda de rock.

Bem, naquele ano, Diana Krall quase foi o pivô de nossa separação e o que mais lamentei disso tudo é que ela nunca soube...

1 Comment


rpjabrosa
Aug 01, 2019

Bom dia.

Meu sócio na Revista, Magrão vivia babando e resmungando pelos cantos,:

- Ela e perfeita, ela é perfeita...

E eu lhe respondia ;

- Ela deve ter corrimento vaginal, sossegue...

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