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Um zumbi que pensa que pensa: roberto prado

  • Foto do escritor: Cafe e outras Palavras
    Cafe e outras Palavras
  • 6 de mai. de 2020
  • 1 min de leitura

Cá estou outra vez diante dessa maldita tela em branco. Tanto tenho a dizer... Mas a minha cabeça anda a mil, num estrada esburacada, cheia de curvas, mal iluminada e sem placas.

Não estou concatenando as ideias, às vezes penso em coçar a cabeça e acabo coçando o saco, dando a má impressão que não estou fazendo nada, diante de tanto que tenho a fazer.

-É a vida - dirão vocês.

Já acho que vida é outra coisa, bem diferente disso aqui.

Cada dia que passo aqui, mas me pergunto o quê estou fazendo aqui. Não descubro a resposta, e nem vejo uma saída.

Das minhas elucubrações, a que me vem mais amiúde, é:

-O que virá primeiro, a aposentadoria ou o infarto?

Já não me consola mais a ideia de pular do terceiro andar, não!

Saí para (não) almoçar e voltei logo para o escritório, no afã de escrever, ou ao menos tentar.

Nem a solidão da hora do almoço me é mais possível. Ponho os fones de ouvidos, deixo Chet Baker tocar I Wish You Love em seu trompete no máximo volume. Antes isso me consolava, agora nem isso...

Quer esquecer o que são maravilhas, sonhos, uma VIDA? (com letras maiúsculas), entrem para uma repartição pública, morram em vida.

Mais informações? Leiam o conto o EX-MÁGICO DA TABERNA MINHOTA do Murilo Rubião...

A beira das lágrimas corro ao banheiro para passar uma água gelada no rosto, e me assusto com o veja refletido no espelho:

Sou um zumbi!

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