Vitrines: roberto prado
- Cafe e outras Palavras
- 18 de mai. de 2020
- 1 min de leitura

foi entre as vitrines
que a viu
e sentiu-se visto
olhares cruzaram
promessas no ar
ele
um velho sátiro
ela
uma ninfeta
digna dum Nabokov da melhor safra
ela com a mãe
ele, ex-mulher
manequins testemunhas mudas
cabides cúmplices sem culpa
corredores de lingerie
inflamando os desejos
o rubro à sua frente
serão das peças
ou de seus olhos?
que como o velho poeta
trazia também as retinas cansadas?
ela, de soslaio
ele, a vibrar
o não-dito
o não-feito
o desejo no ar
a Lolita ali
tão à sua frente
tão absurdamente distante
era como ver a luz das estrelas
e saber que nunca iria tocá-las
- Será que ela percebeu o seu latejar?
desejo a lhe sair pelos poros
ele sente fulgir
seus olhos o traem
suas mão suam
ela vai com a mãe
antes de sumir olha-o
a ponto de fazer seu sangue ferver
mas é tarde demais
ele está velho
ele está perdido
ele está, hoje, com a ex-mulher do lado…
por que hoje?
por que justamente hoje?
ele então
sofre a dor da perda
sofre a dor de saber nunca mais outra chance
sofre por sentir-se tão vivo
sofre a dor das escolhas desse domingo…
Você é o cara mais "conseguível" que eu conheço!!!
Continue sempre assim: conseguindo!
Roberto Prado.
Consegui